Em nota assinada por três advogados, o comandante-geral da PM negou “veementemente” com os crimes investigados e que “nunca sequer foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o aludido fato”.
Por Folha BvA Polícia Federal (PF) iniciou, na manhã desta quarta-feira (23), duas operações para investigar a venda ilegal de armas de fogo e munições em Roraima. Dos 16 mandados de busca e apreensão, dois são cumpridos em endereços ligados ao comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Miramilton Goiano de Souza, ao deputado estadual Rárison Barbosa (PMB), policiais penais e policial civil.
Em nota assinada por três advogados, o comandante-geral da PM negou “veementemente” com os crimes investigados e que “nunca sequer foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o aludido fato”. “Na condição de policial militar possui armas legalizadas e, portanto, registradas pela Polícia Federal. Além disso, é instrutor de tiro e Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC)”, diz Miramilton Goiano em texto que pode ser lido completamente ao final da reportagem.
Por sua vez, Rárison Barbosa afirmou desconhecer os motivos que o associam à investigação da PF. “Nunca tive qualquer envolvimento com atividades ilícitas, especialmente no que diz respeito ao comércio de armas. Tenho plena confiança na Justiça e na atuação das instituições responsáveis pela apuração dos fatos. Neste sentido, continuarei cooperando de maneira proativa para que todas as circunstâncias sejam elucidadas o mais rápido possível”, diz em nota, que pode ser lida integralmente ao final da reportagem.
Ao menos dez agentes da PF trabalharam na ação na residência do coronel, inclusive, com a interdição parcial da rua da casa no bairro Centenário, por razões de segurança. No local, estiveram três viaturas caracterizadas e outras de reforço. Policiais militares também foram acionados para reforçar a segurança da via.
A PF cumpre ação conjunta com a 1ª Promotoria e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público de Roraima (MPRR). Mais de 80 policiais realizaram 16 buscas e apreensões, em Boa Vista e na cidade de Fernandópolis (SP). As ordens foram expedidas pela Justiça de Roraima.
Durante as investigações, a PF identificou uma intensa negociação de munições e armamentos pelos suspeitos, em desacordo com as determinações legais e regulamentares.
Em nota, o MPRR informou que a operação é resultado de um desdobramento da Operação Alésia. Realizada em 2020, essa ação visava desarticular organização criminosa instalada na estrutura da Secretaria Estadual de Justiça e da Cidadania de Roraima (Sejuc), integrada majoritariamente por servidores do próprio órgão, investigados por crimes como organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, peculato, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.
Naquela oportunidade, 23 policiais penais e dois empresários foram presos por suposto envolvimento com os crimes. O MPRR informou que, após o fim das diligências da operação desta quarta-feira e a conclusão das investigações, irá ajuizar possíveis denúncias contra os investigados. O processo corre sob sigilo.